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As voca
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As voca Um dos meus dramas pessoais, uma das minhas angústias existenciais é nunca ter descoberto em mim nenhuma vocação especial. Tenho jeito para isto e para aquilo, mas não sou verdadeiramente bom em coisa nenhuma. Costumo dizer, meio a sério e meio a brincar (se calhar bem mais a sério que a brincar) que sou engenheiro por formação mas não por vocação. E ao fim de mais de meio século de vida continuo sem saber exactamente o que gostaria de ser ou fazer. E tenho a certeza que a maior parte das pessoas estão como eu. Isto vai-se ultrapassando com o trabalho, o estudo, o exercitar dos vários leves talentos que se possui para uma ou outras actividades mas, no fundo, bem no fundo, acho que tenho uma tremenda inveja dos que nasceram com um dom, um gift, uma dádiva. Os que tem a vocação da escrita, das artes plásticas, da música, da representação, da dança, das matemáticas, da investigação, da destreza manual, da prática desportiva, da oratória, da argúcia argumentativa, da culinária, da inventiva, do humor, da sedução, da religiosidade, da solidariedade, da cirurgia, enfim de muitas outras coisas, inclusivamente o talento de não gostar de fazer nada e saber viver de expedientes, não sabem a sorte que tem. Quasi desde a infância que tem o caminho traçado. Basta uma boa dose de dedicação àquilo para que foram fadados. Muito trabalho, também, se quiserem atingir o cume da montanha, mas sabem por onde ir. Os outros, como eu, andamos perdidos, muitas vezes até à morte, sem sabermos nunca qual o trilho que deveríamos ter seguido ou em que actividade nos sentiríamos realizados pois, no fundo, nunca nos sentimos completamente bem com aquilo que executamos. Há sempre outra coisa que gostaríamos de ter feito ou de fazer. Apesar de tudo, ainda espero um dia vir a descobrir qual a minha vocação. É uma ilusão, não é? Mas deixem-me viver com ela, por favor! Será que é esta longa e permanente ansiedade, escondida nas profundezas do meu eu, mas que emerge quando se fica algures no percurso até uma nova meta, que me leva por vezes a gritar: Eu sou louco!? AMIGOS EM BLOGS E BLINGS |
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7/21/2008 6:31 pm |
Não, não é louco não...ao contrário muito lúcido e corajoso em assumir o que é . E nisto eu já vejo uma vocação: ser sincero consigo. Será que ter uma vocação não é mais uma daquelas exigências deste nosso mundus? Será que os talentos que vc tem não foram subjugados aos deveres que teve que assumir? Meu caro amigo escritor, será que esta escrita tão faceira , tão marcadamente portuguesa não é um talento? Bem os talentos levam às vocações.... Ao menos é assim que penso...e como é bom escrever o que penso...e num espaço _ o seu blog _ tão diferente e tão vocacionalmente plástico. Ui..... eu vou lhe contar um segredo: quando tinha três anos de idade, perguntavam-me , precocemente, o que eu seria qdo crescesse: eu respondia que estava em dúvida, pois nao sabia se seria professora ou solteirona....Todos riam muito e eu encabulava....Daí perguntavam o por quê e eu respondia que queria ensinar ou ficar solteira como uma amada tia de quem muito gostava e que está viva ainda e teve a vocação de cuidar de todos nós. Vai completar 92 anos em 28 próximo e , pasme, solteiríssima.... Bem militei 30 no Magistério Superior e sempre eduquei a todos que passaram pelo meu caminho...não sei se as sementes cresceram, mas garanto-lhe: semeei! Beijos , meu vocacionado escritor!
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Muito obrigado pelo teu comentário, minha querida amiga! Beijinhos, muitos
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9/14/2008 10:50 am |
Sei bem o que é ter jeito para muita coisa e não ser óptimo em nada
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